domingo, 22 de maio de 2011

Lingerie vermelha

Tocava uma musica baixa quando ela começou a se arrumar: hoje seria a lingerie vermelha pra ele. Hpje estariam a sós mesmo. Não se arrumou muito por fora, só a lingerie vermelha sob a camiseta rosa, blusa de frio, calça jeans, estava frio, tênis. Imaginava já ele tirando a roupa dela, vendo a lingerie vermelha, o sutiã, depois a calcinha, depois ela toda nua, transariam em pé, de costas, de quatro, no chão, em todo lugar.

O fogo desse pensamento a tomava e ela terminou logo seus afazeres para o encontrar. Estranhara a ligação dele, dizendo que era "só pra encher o saco, pq não tinha nada pra fazer". Mas ele disse que estava de bom humor, isso era bom. Não era muito normal ou comum, mas poderia ser bom.

Seguiu caminho, feliz, ansiosa por vê-lo. Apesar da clandestinidade e da existência da oficial, ela estava feliz - fora ela que propusera o caso. Ele aceitara e ela estranhara de novo. Mas, é como se diz, cavalo dado não se olha os dentes. Logo ela teve que aprender a olhar os dentes sim. Olhar muito bem.

Chegou lá. Era o escritório dele, estava tarde, ele a cumprimentou sem muita emoção, mas estava visivelmente bem e ela queria saber por que sem perguntar. Sentou-se perto dele, pos a mão em sua perna, ia beijá-lo em seguida, mas ele começou a falar. Não dava mais. Ele já estava arrependido de ter aceitado o que mal começara: eles tinham ficado apenas uma vez. E ela tinha se dado tanto, feito tanto... ele ate reconhecera que ela estava mais fogosa; se conheciam há tempos, um romance, rompimento, o namoro dele que agora durava tanto com essa outra... pq?? é... dejavú.

- já vi essa cena antes..
- qual?
- essa! mas eu estava b~ebada e foi no meio da rua. Chorei muito mais do que agora. E de novo vc me deixa. Vc queria só testar né...
- não é isso...
- o que vc queria, então?
- ah, aceitei pq queria ficar com vc de novo...
- hm...
- meu relacionamento não tava bem, ai eu aceitei, mas agora já aceitei os ponteiros com ela.
- ah sim, claro. Agora eu não sirvo mais...
- ah, e também estava muito arriscado. E os meus pais adoram ela!!

...

- é só porq sua mãe gosta dela?
- não.
- ah tá.
- rsrs...
- você gosta mais dela do que de mim neh.
- sim.
"nossa" ela pensou. "Ele eh frio d+, fala sem hesitar essas coisas...

tinham que se despedir. Ela teve vontade ainda de mostrar a lingerie vermelha, mas não o fez. Tev vontade de beijá-lo, mas não o fez. Teve vontade de socá-lo, bater nele até que ele a parasse, eles brigassem fisicamente mesmo, ate parar em alguma parede, no chão, na mesa, e transarem daquele jeito meio louco que acontece depois de uma briga. O sangue quente, tudo nela pedia... mas não o fez. Apenas deixou que ele visse as lágrimas correndo dos seus olhos contornados com lápis preto... ela engolia soluçõs, tinha vontade de chorar mesmo, mas não o fez. Ficaram em silêncio um ao lado do outro, o unico som que havia era os leves soluçõs dela, o arfar de seu peito, as lágrimas que desciam. Ele a olhava. Ela olhava ele sem saber o que significava aquele olhar dele. Ficavam se olhando longamente, e ela queria muito beijá-lo nesses momentos. Mas não o fez.
- vim pra ficar com você hoje - ela disse enquanto se abraçavam na despedida - nem que fosse a última vez - a frase saiu como um ultimo apelo, uma última tentativa, quem sabe...mas não funcionou.
- vai. você tem que acordar cedo amanhã.
O vislumbre de um dia inteiro de trabalho depois desse fora, pra ela, era torturante.
- como é que eu me despeço de você? - ela pensou em dizer, como quando se conheceram. Mas não o fez.
teve vontade então de jogar no lixo a lingerie vermelha, e não o fez. Foi embora. Trabalhou. saiu a noite. Continuou a viver e era como se a musica baixa continuasse a tocar nela, de fundo, baixinha...